24/02/15

feeling pathetic

Hoje prometi a mim própria escrever alguma coisa. As ideias fugiram-me e não faço ideia sobre o que escrever, mas para variar, não vou deixar que isso me desmotive. Parece ser um tópico recorrente meu: falar sobre a frustração que sinto por não fazer aquilo que proponho a mim mesma. Se algo não é absolutamente inadiável… bem, então adio-o. Nem sempre. Há dias em que me sinto capaz de conquistar o mundo e levo tudo à minha frente. E no entanto passo a maior parte do tempo parada à espera que as coisas aconteçam, que um outro alguém as faça acontecer. Que paradoxo estranho este… Que incoerência a minha!
É que aquela conferência até me desperta atenção mas se ninguém mais vai é porque não deve ser assim tão interessante, e depois tenho de estar lá sozinha, e de qualquer maneira fazer aquele caminho todo é cansativo, e até pode chover e se me constipo agora nunca mais curo… não, não vale a pena. Mas fazer parte da AE deve ser giro, e é bom para o currículo, e até é à porta de minha casa, mas depois há reuniões e essas coisas, e também não conheço lá ninguém e como faço para participar sem saber o que se pode fazer? Não tem lógica nenhuma realmente.
E eu até gosto muito de escrever mas hoje não me apetece ir ao computador, e escrever à mão não dá jeito, fico ali com a folha solta, e também ninguém lê o que escrevo, para quê ir ao blog? Mais vale ler um livro. Mas nenhum daqueles que tenho ali me interessa, e está a ficar escuro, luz artificial faz doer a cabeça, e os e-books também, papel é muito melhor… um destes dias vou à biblioteca buscar um livro… mas também não há lá nada de interessante.
Vou para o Orfeão, praticar guitarra, mas como, se ainda não sei nada e às tantas nem está lá ninguém e vou só fazer o caminho para apanhar frio e depois fica de noite e andar sozinha na rua pode ser perigoso. Devia era ir aos saldos, mas já deve estar tudo escolhido e não quero dar mais despesa e também as promoções não são nada de extraordinário. Queria mesmo era ir passear para o centro, tirar proveito de estar numa cidade como o Porto mas fica mesmo longe, e andar lá a passear sozinha é mesmo triste com aqueles casalinhos todos felizes e tantos turistas entusiasmados, já fui uma vez e foi tal e qual, para vir de lá deprimida mais vale não ir.
Preciso é de um emprego, se calhar devia tentar ser alguma espécie de guia turística, gosto tanto de fazer isso, mas como, e com quem, se calhar nem se ganha nada e não tenho assim tanto tempo livre e sei lá se não me canso logo daquilo, e estar a comprometer-me com mais coisas é irresponsável. Responsável era olhar pela minha saúde e ir fazer desporto naquele programa da universidade, nem fica caro, mas é no outro polo e este mês nem comprei passe, e deixei as coisas todas em Mirandela, e ir à piscina com esta cicatriz e as coxas cheias de celulite é embaraçoso.
Vou mas é aproveitar as consultas grátis na reitoria para ir ao psicólogo e ver se aprendo a lidar com a minha fobia de cães, isto se ainda se puder fazer alguma coisa, os psicólogos não fazem milagres e eu tenho medo a tanta coisa, isto já é defeito de fabrico, vou só estar a desperdiçar recursos e tempo a alguém.
Formação, actividades extracurriculares, hobbys, passeios, emprego, desporto, saúde… tantos projectos e ideias e tão pouca concretização. Sinto-me rídicula. Escrever tudo faz-me perceber o quanto. Antes dizia que era por estar em Mirandela, que lá não acontecia nada e que no Porto é que a minha vida ia começar. Mas até agora da minha lista gigante de coisas que queria fazer, só realizei a parte de fazer voluntariado, entrar numa tuna e dar uns passeios. E eu que quero fazer tanto, que estou constantemente a aperceber-me das oportunidades que estou a perder.
O que será que me leva a agir assim?! Gostava de ter uma resposta. Mas a única conclusão a que chego é que me é muito mais fácil realizar projectos e ambições, atingir as minhas metas “autocriadas”, quando tenho alguém ao meu lado nesse percurso.
Quando tenho companhia torna-se mais fácil, porque além de eliminar automaticamente uma boa parte das minhas desculpas patéticas, regra geral a própria pessoa que está comigo obriga-me a eliminar as restantes. Mas dado o facto de não conhecer assim tanta gente, e de essas pessoas terem os seus próprios compromissos e objectivos, acabo por ficar muitas vezes sozinha e parada, a deixar as coisas para uma próxima oportunidade.

Que se passa comigo? Eu até já alcancei algumas coisas, tuna e voluntariado já é muito, se calhar sou só demasiado ambiciosa, demasiado criativa. Mas não, não deve ser isso, há quem faça muito mais que eu e ainda lhe sobra tempo. E a mim o que não falta neste momento é tempo “em branco”. Então, se tenho tempo, ideias, e o que faço ainda me deixa insatisfeita, porque não saio do lugar e arregaço as mangas? As desculpas já as dei todas, mas nenhuma é de todo válida o suficiente para justificar a minha frustração. Nem mesmo a de “estar/ser/fazer/ir sozinha”. No entanto, de alguma forma, teimo sempre em achar que não sou suficiente. Às tantas não passo de uma pessoa triste ridícula e patética, sem auto-estima ou confiança, demasiado ambiciosa e demasiadamente dependente. Mas isso não significa que sou humana? Talvez o caminho passe por parar de me recriminar constantemente, e em vez de estar aqui a analisar tudo, investir esse tempo numa das mil e uma coisas que gostava de fazer. Mas como é que isso se faz mesmo? Pois. 

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