27/06/17

aquela sensação de déja-vu

Comecei este blog quando estava no 7º ano.
Hoje, estou a fazer as malas para deixar a universidade.
Entretanto passaram-se quase dez anos e continuo a sentir a necessidade de escrever para lidar com as ondas de sentimentos confusos que me albarroam como um camião a um triciclo de plástico abandonado no meio da auto-estrada. Tal como há seis anos, quando decidi mudar de escola e fechar o capítulo da música e seguir humanidades. E há três anos atrás, quando tentava arranjar maneira de me certificar que era mesmo este curso que queria. E agora fecha-se mais um capítulo e uma nova história começa da mesma forma - comigo a ter de escolher o próximo passo.

Escolhas, escolhas, escolhas - a constante da vida. É feita de escolhas que nos levam por certos caminhos, que não são necessariamente os caminhos certos.

Apesar de nunca ter tido uma certeza absoluta do que quero na vida, nunca quis menos que muito. E continuo a querer tudo, sem querer nada ao certo.


12/04/17

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Sentada ao mesmo computador da Biblioteca Municipal onde (provavelmente) criei este blog, sinto uma estranha sensação de regresso, por nunca ter realmente chegado ou partido. Este lugar, esta rua, esta cidade, sempre foram minhas sem nunca o serem. Conheço-as desde sempre mas quantas vezes me terei sentado aqui a perguntar-me se realmente pertenço aqui e a sentir que nada disto me pertence? Foram muitos os dias, mais do que me lembro, em que saí da escola, ali abaixo, subi a rampa ladeada pela linha de metro e pelas oliveiras, para encontrar refúgio nas páginas digitais em branco que me esperavam no velhinho computador da sala de informática. Foi sentada aqui que decidi o meu futuro, no final do curso de música, e foi a ver as palavras surgir ao som deste ruidoso teclado que tive coragem de o enfrentar. E hoje dou por mim a pensar que embora mais velha, tenho tantas perguntas para responder como a rapariga que aqui se sentava há seis anos atrás. Preenchida por medos e inseguranças, e mil e um sonhos por realizar. Que passo a passo, grão a grão, vai descobrindo quem é, donde vem e para onde quer ir, e se alimenta de todas as migalinhas de coragem que encontra pelo caminho.