12/04/17

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Sentada ao mesmo computador da Biblioteca Municipal onde (provavelmente) criei este blog, sinto uma estranha sensação de regresso, por nunca ter realmente chegado ou partido. Este lugar, esta rua, esta cidade, sempre foram minhas sem nunca o serem. Conheço-as desde sempre mas quantas vezes me terei sentado aqui a perguntar-me se realmente pertenço aqui e a sentir que nada disto me pertence? Foram muitos os dias, mais do que me lembro, em que saí da escola, ali abaixo, subi a rampa ladeada pela linha de metro e pelas oliveiras, para encontrar refúgio nas páginas digitais em branco que me esperavam no velhinho computador da sala de informática. Foi sentada aqui que decidi o meu futuro, no final do curso de música, e foi a ver as palavras surgir ao som deste ruidoso teclado que tive coragem de o enfrentar. E hoje dou por mim a pensar que embora mais velha, tenho tantas perguntas para responder como a rapariga que aqui se sentava há seis anos atrás. Preenchida por medos e inseguranças, e mil e um sonhos por realizar. Que passo a passo, grão a grão, vai descobrindo quem é, donde vem e para onde quer ir, e se alimenta de todas as migalinhas de coragem que encontra pelo caminho.

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