15/10/15
alma minha
Se me conhecem, sabem que sou a mana grande.
E isso influência tudo o que sou, o que penso, o que digo, e como o faço. Os meus irmãos são parte de mim, e agora parando para pensar em quem seria sem eles, não sei honestamente dizer.
Tenho o orgulho de ter quatro amores pequeninos. Ao pé de mim, tenho o João, que embora sendo eu a 'crescida' tem sido o meu companheiro desde que entrou na minha vida e a Maria Clara, o kinder mais doce do mundo com uma surpresa nova lá dentro a cada instante. E algures, onde quer que eles estejam, porque me recuso a aceitar que nunca os vá poder abraçar, estão os meus anjos Gonçalo e Tomás. Não tirei uma fotografia com eles na primeira vez que os vi. Não os pude ajudar a crescer. Não os pude levar ao primeiro dia escola, nem pintar-lhes um super-herói no rosto na sua festa de aniversário. Não pude sequer dizer-lhes 'olá' antes de ter de lhes dizer 'adeus'. Mas amo-os de todo o coração e farão sempre parte de mim.
Ainda não consigo escrever um texto destes sem me tremerem as mãos, sem o coração apertado e a respiração ofegante. Tenho o teclado molhado. Mas as lágrimas que me caem são culpa desta saudade que não desvanece. Não são de raiva e revolta como em tempos. Vou aprendendo a aceitar que há perguntas que continuarão sem resposta. Já não pergunto "Porquê a mim?". Nunca abdicaria de ser a irmã deles, mesmo que por vezes doa.
Cada vez que me perguntam se tenho irmãos, hesito em responder. Aprendi que a resposta "sim, um irmão e uma irmã", é a que grande parte das pessoas quer ouvir e a mais fácil de dar, porque dói menos do que lidar com a indiferença de quem não pode - ou pior, não quer - compreender que mesmo não lhes podendo mostrar o vídeo dos primeiros passos de todos eles, serei sempre a irmã do João e da Clara... e do Gonçalo e do Tomás.
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