O meu primeiro ano de faculdade está a acabar, e, fazendo um balanço, preenchi-o dos meus amores de estudante. Quais são?
São os desafios.
São as tradições herdadas. Ir no cortejo a cantar e dançar. Descer os clérigos a correr trajada, com os sapatos a ameaçarem uma queda e ficar com um sorriso quase patético no fim. Passar horas à chuva com a capa a servir de abrigo na serenata.
São as pessoas. Um jantar de amigos antes de ir à queima ver o "grande" Quim. Aquela amiga que veio de propósito para estar contigo e a que te apresenta a todos os amigos e garante que nunca te sentes a mais. A que ouve como foram os teus dias. As que te abrem a porta de casa. Os colegas de ressabianço. Os kinder-surpresa. As horas a fio de conversas inesperadas.
É a música, a que já fazia parte de mim, e a que vou fazendo.
É a faculdade. Os azulejos infindáveis, as escadas em caracol, os corredores suspensos e as colunas que não suportam nada. As tomadas, os gravadores VHS e os projetores de acetatos arcaicos. A dificuldade dos professores em ligar as colunas. As sessões de cinema com pipocas grátis. As conferências livres. As filas da reprografia. Erasmus everywhere. O burburinho do bar. A jornada até aos sofás da biblioteca. As sandes da Dona Odete.
É o "meu" Porto. Poder sair de casa e ir passear no funicular para ver se assusta. Apanhar o elétrico pela primeira vez e ir ver o Douro à Ribeira. Ir comer um scone à Rua das Flores. Percorrer os Aliados. Ir a concertos grátis e ouvir música na rua. Conhecer as gentes da Rua da Madeira. Admirar S.Bento.
E não ter aulas às quintas e poder ir para casa mais cedo. Ficar feliz por ver a placa da A4. Os abracinhos e beijinhos dos manos. Os mimos, e claro, a comida da mãe.
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